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Unicamp desenvolve curativo à base de romã e alecrim

Tecnologia da Unicamp à base de extratos de romã e alecrim forma película protetora sobre a pele com ação antimicrobiana comprovada

Atualizado em 29/09/2025 às 17:09, por Jaqueline Falcão.

Unicamp desenvolve curativo à base de romã e alecrim

Novo curativo desenvolvido pela Unicamp é à base de romã e alecrim

Feridas na pele podem trazer riscos à saúde e desconforto no dia a dia. Regiões que dobram, como dedos e articulaçõe

Novo curativo desenvolvido pela Unicamp é à base de romã e alecrim

s, dificultam o uso de curativos convencionais, que tendem a se soltar facilmente ou limitar movimentos. Pensando nesses desafios, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram uma composição líquida bioativa que, ao ser aplicada sobre a pele, forma uma película protetora com propriedades antimicrobianas.


A tecnologia foi desenvolvida a partir de extratos naturais da casca da romã e do alecrim, combinados em uma base polimérica ambientalmente sustentável.
 

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“A formulação é aplicada como um esmalte, de forma prática e confortável. Trata-se de um líquido pastoso que seca em poucos minutos, criando uma barreira flexível, biodegradável e com resistência temporária à água. Os extratos naturais têm ação comprovada contra microrganismos que infectam a pele, contribuindo para a proteção e recuperação da ferida”, explica Mauricio Ariel Rostagno, docente da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp e um dos inventores da tecnologia.

 

Além de Rostagno, participaram do desenvolvimento os pesquisadores Thais Carvalho Brito Oliveira, Vitor Lacerda Sanches, Rodrigo Stein Pizani e Felipe Sanchez Bragagnolo, da FCA Unicamp; Marta Cristina Teixeira Duarte, do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp; e Tânia Forster Carneiro, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.
 

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Da ideia à formulação


Rostagno conta que a proposta surgiu durante conversas informais sobre o desconforto causado por curativos adesivos em determinadas regiões do corpo. “A partir disso, decidimos investigar formulações líquidas com ação antimicrobiana, utilizando resíduos vegetais como base para compostos bioativos. O projeto foi viabilizado por uma bolsa de estágio de pós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) [Processo nº 2023/03439-5], concedida à Thais Carvalho Brito Oliveira”, contextualiza.
 

Segundo o docente, foram testadas cerca de 30 amostras vegetais – entre elas sementes de melão, folhas de manga, casca de jabuticaba e de limão – até identificar os extratos de romã e alecrim como os mais promissores para inibir microrganismos associados a infecções cutâneas.
 

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A composição forma uma película aderente com propriedades mecânicas adequadas, que pode ser removida com lavagem. O produto combina conforto, praticidade e ação antimicrobiana. Possui propriedades bactericidas — que eliminam microrganismos — e bacteriostáticas, ou seja, capazes de impedir a proliferação de novos agentes infecciosos. É uma proposta que une funcionalidade, sustentabilidade e potencial de aplicação clínica

Rostagno


 

Embora tenha sido pensada inicialmente para o tratamento de feridas cutâneas superficiais, a invenção tem potencial para ser adaptada a diferentes tipos de lesões, como queimaduras, acne, feridas recorrentes e situações clínicas em que há maior risco de infecção, como em pacientes idosos ou com diabetes.
 

A sustentabilidade também é um ponto central. Os extratos são obtidos a partir de resíduos vegetais da agroindústria, e a formulação utiliza apenas água e etanol como solventes — ambos com baixo impacto ambiental.

“Buscamos valorizar cadeias produtivas e propor soluções que aproveitem resíduos com responsabilidade ambiental”, afirma o pesquisador.
 

O desenvolvimento da tecnologia só foi possível devido à colaboração entre diferentes unidades e centros de pesquisa da Unicamp. “O projeto reúne desde engenheiros, químicos e farmacêuticos até biólogos e especialistas em simulação computacional. Cada um contribuiu com sua especialidade, o que foi crucial para chegarmos a esta composição”.

A própria estrutura da FCA Unicamp favorece esse tipo de colaboração. “Temos pesquisadores com perfis muito diferentes na Faculdade, o que facilita a criação de projetos transversais e soluções mais completas”, complementa.