Pesquisa mostra influência das redes sociais na escolha de métodos contraceptivos
Apesar de populares entre jovens, conteúdos sem embasamento científico aumentam riscos de desinformação

Às vésperas do Dia Mundial da Contracepção (26/9), uma pesquisa inédita da Ipsos, encomendada pela Bayer, mostra que o ambiente digital é a principal fonte de informação sobre saúde para 59% das brasileiras — percentual que sobe para 62% entre jovens de 18 a 29 anos. Do total, 34% recorrem a sites e fóruns, 15% a grupos em redes sociais e 12% a influenciadores digitais, revelando o peso das plataformas na saúde reprodutiva, mas também o risco de consumir conteúdos sem embasamento científico.
O ginecologista Edson Ferreira, do Hospital das Clínicas da USP, alerta que experiências isoladas e mitos propagados na internet podem levar a escolhas inadequadas de métodos contraceptivos e aumentar os casos de gravidez não planejada. Embora 91% das mulheres já tenham utilizado algum método, há grande desconhecimento sobre opções de longa duração, como DIUs e implantes — 89% não sabem diferenciar o DIU de cobre do hormonal.
O estudo também aponta que 25% das brasileiras não usam nenhum contraceptivo atualmente. Dados de pesquisas anteriores revelam que 62% já tiveram uma gestação não planejada, muitas vezes relacionadas a falha ou uso incorreto do método. Para 65% das entrevistadas, mais informação poderia ter evitado a gravidez.
Segundo especialistas, ampliar o acesso a conteúdos de qualidade é essencial para democratizar o cuidado reprodutivo. Hoje, métodos modernos e seguros, como os DIUs hormonais e de cobre, além de implantes, estão disponíveis, inclusive com cobertura obrigatória nos planos de saúde — um direito ainda desconhecido por 67% das entrevistadas, sobretudo nas classes mais baixas.
O estudo foi realizado com 800 mulheres entre 18 e 60 anos, em todas as regiões do Brasil, no mês passado.