"Na minha última crise queriam me entubar", fala paciente de DPOC
Tratamento está em avaliação pela ANS para possível incorporação à lista de cobertura obrigatória dos planos de saúde

Desenvolver atividades do cotidiano como andar, subir escadas e até pentear os cabelos ou tomar banho podem ser um desafio para algumas pessoas. Esse é o caso do motorista de aplicativo Alex Manesco, 63 anos. Quem entra em seu carro, não faz ideia de que ele é um dos pacientes que precisam adaptar a rotina e sofrem para conseguir realizar afazeres simples, após ter sido diagnosticado com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Alex conta que descobriu que tinha um problema pulmonar grave em 2010, mas o caminho até lá não foi fácil. Após consulta com um pneumologista devido a sintomas que ele acreditava serem relacionados ao tabagismo, constatou que o caso poderia ser mais grave. “O médico me disse que [os sintomas] estavam levando mais para um enfisema [pulmonar] ou DPOC, por causa da quantidade de cigarros que eu fumava e que isso ia me matar”, conta ele.
A virada na trajetória de Alex ocorreu entre 2014 e 2015, quando conheceu uma passageira que participava de uma pesquisa sobre DPOC no Instituto do Coração (Incor). Ao compartilhar sua experiência, foi convidado a integrar o estudo e, desde então, participa de pesquisas clínicas sobre a doença.
Apesar de conseguir manter sua atividade como motorista, por permanecer sentado durante o trabalho, Alex representa uma exceção.
Entenda a DPOC
A DPOC, que afeta a capacidade pulmonar e reduz significativamente a qualidade de vida, é considerada a terceira causa de mortalidade no mundo e a quinta no Brasil, atingindo milhares de brasileiros acima de 40 anos.
O pneumologista Adalberto Rubin alerta que “os sintomas da DPOC surgem de forma lenta e podem passar despercebidos no início. Por isso, é importante se atentar se há falta de ar ao fazer atividades simples como subir escadas. Outro ponto é entender se há uma evolução na dificuldade de respirar ao realizar outras tarefas do dia a dia que antes não causavam desconforto respiratório”.
Uma nova perspectiva surge com o avanço dos tratamentos. Em 2024, a Anvisa aprovou o dupilumabe, primeiro imunobiológico para pacientes adultos com DPOC não controlada associada à inflamação tipo 2 — condição marcada por altos níveis de eosinófilos no sangue.
É fundamental que os pacientes tenham acesso aos tratamentos mais inovadores, não apenas para melhorar sua qualidade de vida, mas também para reduzir o impacto socioeconômico que a doença pode causarAUTOR
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) avalia a inclusão do imunobiológico na lista de cobertura obrigatória pelos planos de saúde. A consulta pública está aberta até 1º de setembro, no endereço bit.ly/meusopro.